quinta-feira, 9 de julho de 2009

O que és/fomos?


O sono não chega, e saiu isto agora:


Eu era assim tão semelhante a ti. Na palma da minha pequena mão, cabia o Mundo, quando esta encaixava com a tua. Na tua mão fui escrevendo romances e li terror. Era na tua mão que se dava o Big Bang, foi da tua mão que se eternizou o “ Impossible is nothing” e eu, eu fui crente na tua religião, até ao dia em que me comprovaste não merecer a minha fé, nem mesmo sendo dada sem pedir nada em troca. Eras um Deus (outrora) muito mal agradecido, daqueles que nunca estão bem com nada (pensando melhor nisso, até me fazes lembrar no Deus Zeus, pela atitude claro), sempre pronto a lançar o próximo raio àquele que se meter na sua frente. Não me leves a mal, mas dizem que o Amor é cego, e já está na hora de eu ver luz e a luz, quer-me parecer, que nunca andou em ti. Talvez porque jamais a foste puxando para ti. Talvez porque jamais te deste ao trabalho, de te ultrapassares a ti mesmo. E deve ser desgostoso viver assim. Afinal vejo bem, tal e qual via antes de me deixar arrebatar por uma réplica daquilo que eu achava que eras. E no final é isto que fica. Pó e só pó de molduras velhas, cansadas com o Tempo, prestes a serem dispensadas para o baú do sótão. Tão sujas que se queres mesmo ver ao detalhe, tens que mexer nelas - antes sabia-las de cor. Até podes espirrar por causa de tanto pó, mas depois isso passa. Passa sempre.

Eram as mãos que garantiam não me deixar cair no abismo, e por lá andei. Eram as mãos que me amparavam do frio, no Inverno ao frio fiquei. Eram as mãos que me incitavam arrepios de prazer, eram as mãos que me provocavam arrepios de mágoa. Já te supliquei para ficares, hoje peço-te para me deixares ir. Hoje digo-te que não sinto saudades de ti, mas do que passei contigo. Já te quis e não te tive, já te tive e não te quis.

Deixa-me estar aqui, não voltes nunca mais. Deixa-me construir a minha arca e levar todos os animais que puder, para fugir do Dilúvio, leia-se tu. Nuvens tapam o Sol, mas a seguir o Sol tapa as nuvens. Não fiques triste, eu sei que fui a maior estrela que passou na tua vida. Mas deixa lá, já ouvi dizer que o Sol não nasce para todos.

Nunca fui assim tão semelhante a ti, no fim de contas!


6 comentários:

Bea disse...

Gostei muito do texto. As boas recordações vão sempre ficar independentemente do tempo que passe. E o amor, esse, esquece-se ou substitui-se. Leva o seu tempo, mas o dia chega, pode não ser hoje, nem amanhã nem para a semana, mas vai chegar o dia em que pensas que basta e acaba tudo aí. beijinho

a Gaja disse...

opah sempre que leio os teus textos fico com a lágrima no canto do olho. lindo, adorei..


Beijinho*

Brid disse...

Ai, ler este texto com esta banda sonora... mais um bocadinho e começava a chorar... ai xD

Adorei ^^ Lembra-me de muita coisa, e só te posso dizer para seguires em frente como estás a fazer, porque é esse o caminho mais acertado depois de tudo o que passaste.

Beijinho

Joana ' disse...

Hoje digo-te que não sinto saudades de ti, mas do que passei contigo

Muitas vezes as pessoas que amamos transformam-se, ou então são os sentimentos que nutrimos por elas que se alteram, o que faz com que queiramos seguir em frente, acabar com aquilo que em tempos foi lindo, mas que agora, ao olharmos, já não tem qualquer sentido!!
Continua em frente querida, com essa força e determinação que em tempos me tentaste transmitir!! =)
Beijinhos querida

Chamem-me o que quiserem - desde que me chamem. disse...

A menina é outra que tal - a versão feminina do Bom Rebelde. Lindo (os meus comentários vão repetir-se sempre, parece-me...)
Kiss

Rebelde disse...

Oh BHgirl, tem piada referires isso da identificação, pois tal como tu, também eu já me revi imensas vezes, na tua escrita, no decorrer e no percorrer das linhas, frases e palavras que tão magnificamente entrelaças e que as transformas nos sentimentos que transportas dentro do teu ser. Eu confesso que também eu já me revi em imensas passagens tuas, em excertos de textos que tão bem elaboras, soaram-me estranhamente familiares, a ponto de questionar, se eu próprio não poderia escrever algo do género, pelo menos tentar, porque duvido que esteja ao teu nível, e não estou a ser modesto. ; D Porque escreves perfeitamente bem. (:

E não posso deixar de agradecer a força e o facto de estares a torcer assim por mim, acredita que para mim é muito importante, saber que tenho o apoio e o carinho de quem me segue. Vou-me tornar repetitivo, mas muitíssimo obrigado. ;D

Em relação ao texto, acho que tens perfeita noção que aquilo que escreves é sentimento puro que brota de dentro de ti, e que nos faz ficar completamente vidrados e em suspenso até que conhecemos o final de cada “história”. Em relação à falta de semelhança que acaba por sobrar no final de cada relação, acaba por ser um sentimento natural, até porque geralmente apenas queremos recordar os momentos positivos, e as semelhanças que de facto marcaram de forma inequívoca. O principal é que ao que parece o sentimento ficou resolvido, independentemente do que suceda daqui em diante, não te deixes abater por desamores. Tens o mundo à tua espera, e também eu torço por ti. : P

Beijinho * (: