sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Tens o lápis e a caneta. O que fazes com as folhas em branco?


Havia esperado muito tempo por este momento. Não era algo que necessariamente, ocupasse a sua mente a toda a hora. Pois havia dias e dias, em que o seu pensamento se cruzava com preocupações diárias, como os Louboutins vermelhos que combinariam na perfeição com o seu vestido Dior ou o ginásio que teve de ser adiado porque tinha uma entrevista com a revista Time. Até aqui tudo bem, tinha trabalhado para ter o que tem na vida. Mas agora que tinha tudo, este não era o tudo que a satisfazia a longo prazo. Acreditou no Amor, mas até neste Mundo, no seu Mundo, o Amor era organizado a fim de lucros. Tal e qual era no tempo dos reis e rainhas. O Amor em si, esse, já lhe desconhecia o cheiro. Pensando melhor, talvez até o saiba.

Foi no melhor Verão da sua vida. Ela era nova, inocente e rendeu-se aos encantos de um rapaz simples, sem grandes planos para o futuro. A sua maior conquista era ser feliz. Era isso que a encantava, essa capacidade que ele tinha de a sugar de forma ‘TGVónica’ que mal ela olhava para o lado, estava noutra dimensão. Fizeram planos? Sim, fizeram. Mas ela não se contentava com pouco, tinha de partir à procura do desconhecido. E um dia partiu. Esse dia anunciava-se escuro, tão escuro que os seus olhos mesmo em frente, não se viam (ou era por não se olharem). Ele não a impediu de se ausentar, lembrava-se ela. Amaldiçoava o dia em que ele nunca se opôs à sua decisão claramente egoísta. Ele preferiu deixá-la ir, mesmo que com uma lágrima no canto do olho e com sonhos despedaçados nas mãos.

Tinha passado demasiado tempo para ela se recordar da sua cara, pensava. Já ele, recordava-se bem dela e sabia que não fora por aquela cara recalcada de rugas pelo tempo, que ela se apaixonara por ele. Não se sentia assim desde a primeira vez que estiveram juntos, nem mesmo quando viu a sua ex-mulher entrar pela Igreja dentro. Que desperdício de tempo é remar contra as ondas do Amor. Mesmo pescador, nem ele tivera um barco suficientemente forte para aguentar com as temerárias ondas daquele mar a que chamavam Amor. Ela estava calma, habituada a lidar com pressão, sentada na esplanada onde se viram pela primeira vez há 25 anos atrás. Combinaram encontrarem-se ali. Quando rebobinava no tempo enquanto esperava por ele, pensa que não foi a decisão mais sensata do Mundo, mas talvez a decisão mais adequada para si, na altura. Pois já que ela tinha visto o Mundo, estava na altura de voltar para casa. Por isso, não se arrepende agora de nada. Está ali, e é tudo o que interessa.Ele chegou, ela tremia por todos os lados. Para quem não cedia a pressões foi vê-la desfalecer à medida que ele avançava. Sorriu-lhe, ele sentou-se. Ela perguntava-lhe porque é que ele a tinha deixado ir embora, ele respondeu-lhe:

“Nunca te foste embora, ficaste sempre no meu coração. Num espaço só teu. Nunca ouviste dizer, que as coisas que mais amamos temos de as deixar livres? E eu não era ninguém para te colocar numa gaiola. Preferia que voasses de regresso para aqui, tal como voaste para ir embora. E aqui estás tu novamente!”

Foi o início de uma viagem juntos!

11 comentários:

Bernardo disse...

Gostei do título :D

Anónimo disse...

A resposta mais óbvia seria: escreve, ou...reescreve essa folha...mas nem sempre é fácil.
Força ;) Adorei ler-te.

Wolve disse...

Respondo-te com um livro. Sidartha, de Thomas Mann.

Porque a história - linda - tem tanto de belo como de improvável. Até porque aquela explicação final não se chama amor, mas escravidão.

Beijinho.

Wolve disse...

(Referia-me à tua bela história, não ao livro; que também é lindissimo.)

Cátia'P disse...

Há pessoas que mesmo que as marés mais desastrosas as tentem separar, encontrar-se-ão um dia, apenas porque estão destinadas.

É linda a forma como saio deste blog sempre, sempre a pensar *.*

Um beijo :')

MariaPapoyla disse...

"Eu amo a liberdade. Por isso, tudo o que amo deixo livre. Se voltar, foi porque conquistei. Se não, foi porque nunca tive."

Bonito o teu texto ;)

CátiaSofia disse...

O amor é mesmo assim, umas vezes temos que os deixar ir, umas vezes tudo acaba, mas outras vezes eles regressam e tudo fica muito melhor, do que primeiro.
Gostei do texto, muito bem escrito e lindo.


Beijo grande!

*Sininho* disse...

As vidas de duas pessoas podem dar voltas completamente diferentes, ter rumos distantes, percursos distintos e ainda assim continuarem paralelas no amor.

E se há prova de amor capaz é a de ter a coragem e altruísmo de dar a liberdade a quem mais queremos presos a nós.

Adorei este texto!

Beijinho*

Only Words disse...

Gostei imenso da mensagem, da forma como conseguiste prender a minha atenção. Parabéns!

Anónimo disse...

adorei adorei adoreeeeeiii :D
como esta historia diz tanto! e' tao magnifica, talvez pqe me identifiqe com ela e adorava ter um final assim, mas tbm pqe esta' mt bem escrita e imaginada. parabens :) **

Joana ' disse...

Era tão mais fácil deixar partir se soubessemos, com todas as certezas do mundo, que ele vai voltar..

Um grande texto querida, parabéns
Beijinho e um abraço com saudades